
A Câmara Municipal de São Luís realizou, na tarde de terça-feira (25), uma audiência pública para discutir a crise que persiste no sistema de transporte coletivo da capital. O foco principal foi a paralisação recente e as demissões em massa de motoristas da empresa 1001, que agravaram ainda mais os problemas na mobilidade urbana.
O debate foi solicitado pelo Coletivo Nós (PT) e conduzido pelos co-vereadores Jhonatan Soares e Flávia Almeida. Representantes de sindicatos, rodoviários, sociedade civil e Poder Público participaram em busca de soluções tanto imediatas quanto estruturais.
“Essa não é uma problemática de 12 dias, é uma problemática de anos. Entra ano e sai ano e esse problema continua”, destacou Jhonatan ao abrir a audiência.
Rodoviários relatam abandono e atraso em direitos trabalhistas
A audiência ouviu motoristas demitidos, que relataram situações de vulnerabilidade. Silvio de Lima, que trabalhou 13 anos no Grupo 1001 e foi desligado em 31 de outubro, denunciou que ele e os colegas não receberam verbas rescisórias, o último salário nem o tíquete-alimentação.
“É muito triste. Estamos passando por uma situação difícil. Queremos que olhem com carinho para nós e façam algo o mais rápido possível, porque isso vem se arrastando há anos”, disse.
Silvio também afirmou que o plano de saúde da categoria não é pago desde julho e que trabalhadores que tiraram férias entre julho e novembro não receberam o adicional.
SET culpa Prefeitura; Prefeitura rebate
O diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte (SET), Paulo Pires, atribuiu a crise ao município, acusando a Prefeitura de não repassar o subsídio previsto em contrato. Segundo ele, os 30% retirados inviabilizaram a operação.
“Quando a Prefeitura decide retirar esse subsídio, ela decidiu parar o serviço. É uma decisão unilateral de suspender o transporte público”, declarou.
Em resposta, o superintendente de Transportes da SMTT, Francisco Carlos, afirmou que o subsídio foi liberado e estará disponível na conta do SET no dia seguinte. Ele explicou que a retenção ocorreu porque algumas empresas estavam operando com apenas 80% da frota, apesar de receberem 100% do subsídio.
O vereador Wendell Martins (Podemos) questionou o modelo privado de concessão e defendeu mudanças profundas. “Por que não suspendemos os contratos? Por que não fazemos nova licitação? Por que não criar uma empresa pública de transporte? A iniciativa privada não tem sido eficiente”, afirmou.
Também participaram da discussão a vereadora Rosana da Saúde, o vereador Marcelo Poeta, representantes do SINTRAMA, do movimento estudantil e da Mob.
Encaminhamentos
Ao final da audiência, três encaminhamentos foram definidos:
• criação de uma comissão especial para acompanhar o pagamento das verbas rescisórias e apoiar os demitidos;
• elaboração de uma proposta de Projeto de Lei para padronizar a qualidade dos serviços de transporte;
• apuração detalhada dos custos reais do transporte coletivo de São Luís.