
A Operação Carbono Oculto 86, deflagrada nesta quarta-feira (5), resultou na interdição de mais de 30 postos de combustíveis nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, revelando um esquema bilionário de lavagem de dinheiro com suposta ligação ao Primeiro Comando da Capital (PCC). No Maranhão, as ações se concentraram nos municípios de Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras.
Segundo as investigações, os estabelecimentos faziam parte de uma rede criminosa que movimentava bilhões de reais por meio de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs, usados para ocultar e legalizar recursos provenientes de atividades ilícitas.
A operação é coordenada pela Polícia Civil do Piauí, com apoio de órgãos de fiscalização e segurança dos estados envolvidos. Durante o cumprimento dos mandados judiciais, foram apreendidos um avião modelo Cessna e um Porsche avaliado em mais de R$ 550 mil, pertencentes ao empresário Haran Santhiago Girão Sampaio, apontado como um dos principais articuladores do esquema.
De acordo com as autoridades, o grupo teria lavado cerca de R$ 5 bilhões, realizando transações financeiras atípicas entre empresas suspeitas. A ação faz parte da segunda fase da Operação Carbono Oculto, iniciada em agosto, considerada a maior ofensiva contra o crime organizado da história do país.
Dados da Receita Federal revelam que a rede de cerca de 1.200 postos investigados movimentou R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, mas declarou apenas R$ 90 milhões em impostos, o que representa 0,17% do faturamento total. Para encobrir o dinheiro ilícito, o grupo teria recorrido a 40 fundos de investimento, com patrimônio superior a R$ 30 bilhões, muitos administrados por operadores do mercado financeiro em São Paulo.
Além do Maranhão, os postos interditados no Piauí ficam nas cidades de Teresina, Picos e Parnaíba, e no Tocantins, em São Miguel do Tocantins, o que evidencia a dimensão interestadual e a complexidade do esquema criminoso.